No caminho do trabalho, avistei um menino correndo em uma das vielas da favela. Ele estava com uma camisa do Corinthians antiga. No lugar do número e nome do jogador, um papel sobreposto, colado com sei lá o que, onde se via: RONALDO, 9.
Vai, menino
Estende os braços e voa na viela de sujeira velha
Faz dos tijolos irregulares sustento para a superação
Vai, menino
Rasga a camiseta maltrapilha e abre o peito p'ra vida
Dá razante no corredor injusto
Vai, menino
Solta seus sonhos de Ronaldos
Faz gol de cobertura na indiferença
Vai, menino
Voa como a pipa
Rabiola livre no vento inconstante
Estende os braços e voa na viela de sujeira velha
Faz dos tijolos irregulares sustento para a superação
Vai, menino
Rasga a camiseta maltrapilha e abre o peito p'ra vida
Dá razante no corredor injusto
Vai, menino
Solta seus sonhos de Ronaldos
Faz gol de cobertura na indiferença
Vai, menino
Voa como a pipa
Rabiola livre no vento inconstante
Vai, menino
Faz de conta que os os soldados mal encarados são bonecos
E a arma em punho serve para guerrinha de água
Vai, menino
Concentra e deixa a fome de lado (finge que ela não existe)
Mostra que os pés descalços é opção
Vai, menino
Mas não morre aí!
Aí, não!
Aí, não!
Este chão de esgoto aberto é pouco e pequeno
Mundo estreito
Demais
P'ra ti, menino
4 comentários:
Ai que eu sinto uma vontade louca de te aplaudir, de ler de novo (um monte de vezes), de mostrar pra todo mundo este menino!
Eita, Zé... é bom demais ler o que tem aqui.
Vai, menino, escreva e interprete que é sua oportunidade de mudar o mundo.
Que lindo.
Parabéns, Zé, pelo texto.
Vai, menino Zé, ser gauche na vida. ;)
Beijos
Zé, faz tempo que não passo por aqui, mas vejo que a qualidade continua a mesma. Parabéns! Bj.
Postar um comentário