É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Vai, menino


No caminho do trabalho, avistei um menino correndo em uma das vielas da favela. Ele estava com uma camisa do Corinthians antiga. No lugar do número e nome do jogador, um papel sobreposto, colado com sei lá o que, onde se via: RONALDO, 9.



Vai, menino
Estende os braços e voa na viela de sujeira velha
Faz dos tijolos irregulares sustento para a superação

Vai, menino
Rasga a camiseta maltrapilha e abre o peito p'ra vida
Dá razante no corredor injusto

Vai, menino
Solta seus sonhos de Ronaldos
Faz gol de cobertura na indiferença

Vai, menino
Voa como a pipa
Rabiola livre no vento inconstante


Vai, menino
Faz de conta que os os soldados mal encarados são bonecos
E a arma em punho serve para guerrinha de água

Vai, menino
Concentra e deixa a fome de lado (finge que ela não existe)
Mostra que os pés descalços é opção

Vai, menino
Mas não morre aí!
Aí, não!
Aí, não!

Este chão de esgoto aberto é pouco e pequeno
Mundo estreito
Demais
P'ra ti, menino

4 comentários:

Ana Paula disse...

Ai que eu sinto uma vontade louca de te aplaudir, de ler de novo (um monte de vezes), de mostrar pra todo mundo este menino!
Eita, Zé... é bom demais ler o que tem aqui.

MÁRCIO FERRAZZO disse...

Vai, menino, escreva e interprete que é sua oportunidade de mudar o mundo.

Decifra-me... disse...

Que lindo.
Parabéns, Zé, pelo texto.
Vai, menino Zé, ser gauche na vida. ;)
Beijos

Anna Guirro disse...

Zé, faz tempo que não passo por aqui, mas vejo que a qualidade continua a mesma. Parabéns! Bj.