É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

P'ra onde vou?


Eu não sei de quem é a culpa.
Mas deve ter um culpado. Nem que seja por omissão.
Eu acho que essa é a pior das culpas: a omissão, porque nela está a indiferença.
Sei que faço teatro. Sou arteiro por diversão e ator por profissão.
Sei da seriedade do meu trabalho (que minhas crises me entreguem, AGORA!) e da seriedade de alguns amigos insistentes.
Sei da contribuição fundamental que a arte cumpre em uma sociedade. Dos deveres e direitos do Estado em proporcionar cultura à população.
Sei, sei, sei...
Mas o que eu queria saber mesmo é pra onde vou!
Aliás, deixaria todos os meus poucos saberes para saber p’ra onde vou!

Apresento-me:
Meu nome é José Renato Forner, atuante no cenário teatral do munícipio de Jundiaí há 11 anos. A idade é 26. Solteiro. Sem antecedentes criminais.
Por que a crise?
Acabo de voltar do ensaio do Cia. em que atuo, a Cia Solo de Teatro. Ensaiamos de 3 a 4 vezes por semana no Complexo Fepasa. O espaço foi "cedido" para o grupo há aproximadamente 1 ano.
Há um ano, após anos de perâmbulações e favores de alguns , firmamos um espaço onde conseguimos reunir gente que sonha em fazer arte no munícipio. Conseguimos fazer parte de uma vizinhança que pensa cultura. Salas ocupadas com gente se movimentando.
E isso é raro. E é grande!
Chega de rodeios: todos os grupos que produzem cultura no local terão que deixar o espaço até 30 deste mês. Dizem que Ano-Novo é tempo de renovação.
Sim, fomos despejados.
Me entendam: Não quero gastar linhas contando dos trabalhos que fiz, com quem era, se é obrigação ou não do Estado oferecer um espaço para os desabrigados, se a culpa é da "Secretaria C" ou "Secretaria E"... Não.
Eu só quero saber p'ra onde vou!
Eu quero saber p'ra onde vão as arquibancadas do Éos (grupo de tradição na cidade), que, se não me falha a memória, já foi montada no palco do Teatro Sérgio Cardoso quando o grupo representava a cidade num importante festival.
Eu quero saber p'ra onde vai a grande estrutura da Associação Cultural ReligArte, que por anos lotou o Teatro Polytheama em nome de secretárias municipais.
Eu, como não tenho muito material cênico guardado, só quero saber p'ra onde eu vou!
Mas tem que ser um lugar digno, pois comigo estão os sonhos e aprendi que não podemos depositar nossos sonhos em qualquer lugar. Ah, Jundiaí que me perdoe.
Posso tentar ser menos egoísta. Falar de mim, de amigos e de sonhos pode ser pequeno visto com olhar de cima.
Então pergunto:
Pra onde vai a cidade, a população (vocês, que tanto gostam de números!) vendo que grande parte dos principais grupos teatrais da cidade estão fechando suas portas?
E só p'ra encerrar, um recadinho
_Polythema, Glória Rocha, Praça da Matriz e outros lugares que aceitaram sonhadores: não fiquem mogoados comigo, tá?! Eu posso voltar, se me disserem p'ra onde vou!

5 comentários:

thim disse...

vc vai pra onde seu coração apontar, como sempre fez, estarei do seu lado, como já estive ao lado de quem eu achava que valia a pena, acho que vale a pena estar do seu lado, mas pergunto, pra onde onde vão os sonhadores como eu, que vivem no momento de museus,glórias rochas, polytheamas, praças?
vamos pra onde nos sentimos melhor
PRO PALCO!

Anônimo disse...

Não escrevo há dias. Dizem os especialistas que isso não é bom. Escritor escreve. E escrevendo vão passando as horas. E minha uva o morcego comeu. Só pode ter sido um. Animal voador que gosta de fruta devorou o único cacho de uva existente na única parreira existente. Logo esse cacho que eu havia consagrado. Primogênito.

O que pode estar havendo é que os deuses enfim aceitaram minha oferenda e em breve serei abençoado com a realização de uma graça. Já que suponho tenham comido o cacho. Foram os deuses ou foram os morcegos. Lagarta não daria conta. Foi muito rápido. Num dia lá e no outro mais nada.

O cacho se foi e com ele meu fermento. Fabricaria meu fermento para um pão através da fermentação do sumo do único cacho de uva que aconteceu nessa estação na única parreira existente.

Farinha, água e fermento misturados e depois um tempo assando num formo. Queijo e vinho tinto. Um amigo.

Vou esperar a próxima estação. Quem sabe na próxima estação o morcego e os deuses estejam saciados e não percebam a existência de um único cacho de uva, fruto da única parreira existente.

Estarei preparado. Vou adubar o vaso, proteger melhor a florada e esconder os frutos para que amadureçam. Outra vez.

Continua valendo a esperança de um dia melhor. Diferente sempre é. Nem sempre melhor.

A questão da ocupação dos espaços públicos gera uma discussão acalorada. Nem sempre franca e raramente sábia. Eu participei da reunião onde foram devidamente divididos os espaços destinados aos grupos de teatro presentes na ocasião.

Também fui testemunha e comunguei quando o secretário em vigor nos falou de seu desejo de ver um dia um trem Maria fumaça chegando ao fundo e sendo recepcionado por vinhateiras cantando o hino da cidade e carregando vistosos cestos de uvas. Ah! As uvas!



Estive também presente na reunião com quem de direito onde nos foi perguntado quem éramos. Afinal, o que estávamos fazendo ocupando espaços públicos? Os senhores possuem documentação? Qual o tipo de documentação os senhores possuem? Nenhuma. Deixem nome e endereço que entraremos em contato. E para um bom entendedor foi o que bastou. Ali, naquela reunião o destino estava selado.

As vinhateiras não mais recepcionarão os visitantes oriundos da capital. Ninguém irá tomar seu café no carro restaurante. Bater uma foto na janela para registrar a imagem daquela curva que a composição faz em determinado trecho da ferrovia. Não, sem fotografias. Só mesmo uma árvore seca servindo de consolo ao passado.

Não é de hoje que o teatro e a arte em geral se queixam de desalojamento. Isso já vem de muito longe no tempo. Felizes os que puderam se beneficiar de uma experiência tida como única e que só conheço por ouvir um acontecido na cidade. O industrial que um dia promoveu o teatro amador dentro de sua industria, contando com seus funcionários como atores e que produzia as apresentações dentro do seu empreendimento.

No mais, o amador de teatro é um cigano. O que acontece é que nos iludimos em nossos sonhos. Por isso então vagamos. Por ter como ideal uma cultura local e atuante, por ter como meta o fazer artístico desde a mais feliz infância. Por sonhar demais. O sonho de atuar criativamente.

Vou escrevendo então um lado da verdade. Muitos outros existem e outros tantos serão únicos como o cacho de uva devorado da única parreira existente.

A videira é pratica o suficiente para caber em um vazo. Quando podada, restaura suas forças para agüentar a estação seguinte. Cresce mais forte. Mais resistente. Supera então até mesmo a fome dos vampiros e a fúria voraz dos deuses insaciáveis. Torna-se a videira portadora do fruto que será o fermento no pão da esperança. Enquanto isso bailemos até o amanhecer!

MCD

Zé, de sobrenome Forner disse...

Esse MCD é porreta!

Zé, de sobrenome Forner disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CLUB NOIR disse...

Vem pra São Paulo de uma vez, Zé!
O convite já foi feito há muito tempo...CULTURA em Jundiaí é a da UVA!!!