No dia que era o mais frio do ano saiu para a rua e, nu, rolou na neve.
Queria sentir o tremor dos ossos, a contração dos músculos e concluir como era bom ter panos que o cobrisse.
Pés descalços na neve alva. Daqui a pouco quadril, coxas, costas... O corpo inteiro.
Suportou o quanto pôde o gelo cortante e quando os dentes de debatiam recitou seu último poema escrito a luz de lareira com conforto de chocolate quente.
Percebeu que havia mais poesia na sensação real do inverno do que no aconchego de sua idéias.
E, triste, tudo ficou pequeno: filosofias, ideais, a história da humanidade.
Tudo se perdia e o que existia era o agora e a constatação física do agora.
Hoje, não escreve mais. Cremou seus escritos. Acha que palavras são poucas e pequenas perante o que é.
Um comentário:
A realidade é fria mesmo...
Bom ter poesia pra esquentar quando a frieza da vida congela a alma.
Será que o Poeta sentirá falta do calor?
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