É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A nova santa


E cercadas por paredes vermelhas, elas foram adorar a falsa santa.
Imagens gessadas com olhos querendo fé.
Com túnicas de próprio feitio, acumulavam-se - umas cem - em frente da santa posta num altar e reverenciavam aquela que tinha sido escolhida não por seus milagres, mas por seus cabelos negros caídos aos calcanhares.
Diziam que a mulher envolta em fios carregava sobre seu corpo as dores de um mundo. Um eterno luto curvado em seu definido corpo.
As poucas fiéis perceberam seus méritos de santa e pra ela rezavam numa língua criada.
Achavam bonito a construção de um novo mito com a possibilidade de ouvidos maiores para as suas fervorosas preces.
Mas que pena: a notícia ventou e as paredes foram pintadas de branco.
Criou-se um conselho que veio acompanhado de uma hierarquia que, por si, trouxe desigualdade.
Começou a disputa de poderes e daí para a guerra foi uma oração.
A ignorância tomou conta e na briga pelo certo e pelo erro ninguém notou que a santa furara seus olhos e chorava vermelho.

2 comentários:

Decifra-me... disse...

Gostei bastante também. É seu?
Bonito.
Bjs.

Ps. Já te disse que gosto do jeito que você escreve, não é? Você tem talento.

Zé, de sobrenome Forner disse...

É meu, sim...
Brigado, Dani!