Era da janela que a velha de cabelos maltratados se sentia fora do mundo, sedada pela apatia de quem ia e vinha lá embaixo com olhos de zumbi e passos de gado.
Resolveu que seria a última tarde que queimaria seu cigarro e se contaminaria pela apatia alheia.
À partir daquele pensar,trancou sua janela com correntes e cadeados de forte metal, jogou a chave pela outra janela, pequena, do banheiro.
Viveu o resto dos seus dias a pedir refeição pelo telefone e dançando seus discos antigos, numa dança em que era feliz.
Morreu branca, pálida pela falta sol e com um leve sorriso por saber que não fora consumida pelos gados zumbis e outros monstros apáticos.
6 comentários:
Realmente o que queima é a apatia e a vontade de não-viver... As pessoas muitas vezes esquecem que a vida é o que passa enquanto elas ficam em suas janelas e prisões particulares observando tudo à distância.
Parabéns pelo Blog!
Qualquer coisa é só dar uma passada no "Surto Coletivo"
Um abraço!
Esperando seu comentário em meu blog.
Ipsis
Apesar da melancolia, é digno e sentimentalmente honesto.
amplexi Zé!
Mandou bem.
Susan Boyle. Vitima. Susan Boyle.
Janelas presentes nas imagens do passado.
Susan cantora. Imortal o artista.
Nunca conversei com Susan. Só ouço cantar.
Susan, a sereia. Susan, a voz do encantamento.
Passado o tempo Susan ainda existirá.
Susan, a cantora.
Sol. E Susan ainda cuida das coisas. Noite e Susan está parada olhando pela janela. Susan costuma falar sozinha e assim vai tecendo sua comunicação com o demais habitantes. Susan agora é obra de minha ficção. Nunca conversei com Susan. Mas Susan conversa...
Mcd!
Ótimo, Zé! Vou divulgar na minha coluna para lerem este post. E obrigado pela sdicas! Abs!!!
sábia e digna senhora...
Postar um comentário