Palhaços de semáforos, guardadores de carro, moradores de rua, meninos malabaristas:
Perdão, se nas muitas vezes meu olhar é ríspido, minha palavra é seca e minha mão é vazia;
Perdão se encontram em mim mais um motivo para desacreditar em compaixão, solidariedade ou qualquer outra virtude cristã;
Perdão se minha voz engrossa, sem 30 segundos de paciência, perdão pelos não 50 centavos para interar o esquecimento de ser gente na cachaça;
Perdão pelos pés descalços, sujos;
Perdão pela magreza;
Perdão pelas noites frias e cabeças nuas no concreto;
Perdão pela caminhada sem fim, sem destino e sem consolo;
Perdão pelo mau cheiro;
Se pudesse, juro que toda essa "indiferença"seria despejado em porcos ladrões do congresso. Gente nojenta com ternos caros, assistindo de jato o descaso triste expresso em pedidos de esmolas.
Perdão por reconhecer em vocês a expressão da miséria.
E agora no radinho, no conforto do meu lar, Chico canta "Meu Guri"
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