É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Nóis da causa. O primeiro rap de MC Zé ao quadrado

Licença Gabriel
Licença D2
Facção Central

Alô, malandragem. Vou bagunçar o coreto
Quem tem boca vai a Roma, quem tem rap vem p'ro gueto

e na risca, arrisco um rap na batida dos irmão
som que dichava idéia no sentido contra mão
mano véio já me disse: cabeça feita a vida flui
eu tento, eu corro se o tempo fecha eu já fui
estico uma frase sem pausa p'ra respiração
microfone ampliando voz do morro, inquietação

é nóis
é nóis

falo baixo mal dos home, grito quando molha
sai correndo moleque, gente pobre só amola!
e na faca amolada quando o sangue escorre
a culpa é do ladrão, ignoram a fome
engravatado de jatinho, castelo, 10 ternos
esquece que é humano, pompa de quem é eterno

é nóis
é nóis

enquanto isso os parcero faz das tripas coração
acorda cedo, madruga, trampando na retidão
tô sussa, tô ligero, entendi a lição:
gente chora, gente reza, é velório,é caixão
se liga, tubarão, pra todo mundo é igual,
não importa o que se come vai ter o mesmo final

é nóis
é nóis

e nóis na firmeza vamos prosseguindo as idéia
eu quero vê doutor tirando dez nessa matéria
rimo com letra, falo da comunidade
sei falá de alegria, também de dor de verdade
meto bronca, corro o risco, o alô federal:
boca fechada sem mosquito,eu não sou paga pau
passividade pra Gandhi, revolução pra Zumbi,
quem tá contente Buenas Noches , vai dormi

é nóis
é nóis

posso falá de moradia, do barraco caindo
do compra e vende do mato proíbido.
falá de miséria, do descaso, preconceito
se a barra tá pesada topo a parada e enfrento
não tô atoa aqui p'ra falá dos mané
quero falá de gente grande, de quem invade a minha fé.

é nóis
é nóis

e fluindo na vida, mas dizendo o que penso
os mano vão chegando juntá moeda pro sustento
suave na roda, bando de desocupado
tomando cachaça pra esquentá nosso lado
julgá é fácil, quero ver atitude
desenrolá uma parada pra essa juventude

é nóis
é nóis

na escola me ensinaram o hino nacional
mão no peito, respeito. Ninguém pode falá mal
até hoje procuro o brado forte, retumbante
que vacilo, no vasculho só encontrei herói infame
o grito da indepêndencia não foi dado por aqui.
polícia mata na bocada, não respeita nem guri
berço esplêndido só p'ra quem tem costa quente.
Quem não tem se ferra, não é gente

é nóis
é nóis

infelizmente, é gado, o povo do Brasil
tubarão morde a grana e ninguém sabe, ninguém viu
e no inverso do tranquilo tá dado meu recado
quem entendeu, firmeza, entra aí tá convidado!
vai daí malandro, causá revolução
que seja causa justa, aqui não entra vacilão!

2 comentários:

Carlos Gouveia disse...

Ow Zé, como você esquece de mandar um salve pros truta de franco da rocha?
Mesmo zoando, vc sabe o q fala, né rapaz?!
Valeu por acompanhar meu blog... O teu, se ta ligado q ja sou fã faz tempo!
é nois
grande abraço!

Groo disse...

"na escola me ensinaram o hino nacional.
mão no peito, respeito. Ninguém pode falá mal
até hoje procuro o brado forte, retumbante.
que vacilo, no vasculho só encontrei herói infame."

Rapaz...BRILHANTE! Foi o trecho que mais gostei! E é por aí mesmo, se xeretarmos a gloriosa história do Brasil tem cada figura execrável tratada como herói...