É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

terça-feira, 3 de julho de 2007

Boemia. Uma escolha? Por MCD


“Boemia, aqui me tens de regresso e suplicante te peço a minha nova inscrição. Eu voltei pra rever os amigos que um dia eu deixei a chorar de alegria me acompanha o meu violão. Boemia, sabendo que andei distantesei que essa gente falante vai agora ironizar: ele voltou, o boêmio voltou novamente. Saiu daqui tão contente. Porque razão quer voltar? Acontece que a mulher que floriu meu caminho de ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir: meu amor você pode partir. Não esqueça o seu violão. Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas. Vá sonhar em novas serenatas. E abraçar seus amigos leais. Vá embora, pois me resta o consolo e alegria em saber que depois da boemia é de mim que você gosta mais”.

‘Boemia’ é mais que um porre vulgar em mesa de bar. É uma verdade. Andei distante e o motivo é o outro motivo: o pequeno estabelecimento comercial que administro. Manhosa, a banca de jornal só reconhece o dono. E não é tarefa fácil. O mundo capitalista é de ordem acumulativa e selvagem. A fusão dos grandes capitais, o fortalecimento das grandes marcas, toda dimensão é grandiosa quando se fala em dinheiro. Poupar ou consumir? Ter ou ser? O salário no final do mês.
Essa dependência gera uma urgência e a urgência detona. Hoje eu tenho receio de textos mecânicos e confeccionados ao calor da hora. E o mundo do capital pune severamente o devaneio e a preguiça. Um médico nomeia uma série de causas mortais: o desgaste ocasionado através do contato com humanos. O outro sempre o outro.
Meu computador está obsoleto. Os séculos estão se acelerando. E andava sem tempo para uma ‘boemia’. Resolvi jogar no lixo os antigos disquetes com um ponto quarenta e quatro megabytes. Selecionei algumas fotos, alguns projetos e outros tantos textos. Uma surpresa: eu tenho em disquete uma cópia de minha última interferência no texto ‘Memórias de Maria’.
Outro achado: um texto baseado em uma imagem. O antes e o depois do instante perpetuado na tela. Um corvo, um arauto do mau agouro disputando a cena com outros personagens e todos testemunhas de um nascimento.
Esse mundo me apavora. O preço é alto e inflaciona conforme o bom gosto. Por isso cultivo uma parreira. Ainda vou pisar a uva. Extrair o sumo fermentado. E tenho outra porção de disquetes para me desfazer...



MCD!

Um comentário:

Anônimo disse...

Demaaaaiiiisssss esse texto do MCD!

Outras verdades bem colocadas...
A vida toda somos escravos de um sistema para que quando formos velhos possamos ter segurança financeira para aproveitar a vida que deveríamos ter tido enquanto jovens e saudáveis!!!

êêêlaiiiáááááá... ;)