viaturas
lá fora
dentro era silêncio
desses de não paz
de vazio
vida se indo
se pegou num tempo e espaço de morte
a percepção do corpo inerte
a não compreensão do espírito
sofá-cortina-tapete
tudo cinzeiro
fétido
telefone sem gancho
radinho sem pilha
tv fora do ar
chiado constante
no peito
lá dentro
batendo devagar
entregue ao cômodo sujo
banheiro sem descarga
pia com comida
baratas lá
pulso baixo
cabeça-pescoço-tronco-quadril-membros
inação
olhos de plástico
sem fundo
boca seca
entreaberta
pele cinza
porta invasão
trinco quebrado
homens de branco
luvas e máscaras
à procura da veia
que salta
agulha
olhos que piscam
uma
tempo
duas
tempo
três vezes
tempo
a lágrima
morosa
a boca
tanto ar
vida?
tontura
maca
mais uma vez
...
ouvia a sirene de ambulâncias
viaturas
lá dentro
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