É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dejeto

ouvia a sirene de ambulâncias
viaturas
lá fora

dentro era silêncio
desses de não paz
de vazio
vida se indo

se pegou num tempo e espaço de morte
a percepção do corpo inerte
a não compreensão do espírito

sofá-cortina-tapete
tudo cinzeiro
fétido

telefone sem gancho
radinho sem pilha
tv fora do ar

chiado constante
no peito
lá dentro
batendo devagar

entregue ao cômodo sujo
banheiro sem descarga
pia com comida
baratas lá

pulso baixo
cabeça-pescoço-tronco-quadril-membros
inação

olhos de plástico
sem fundo
boca seca
entreaberta

pele cinza

porta invasão
trinco quebrado
homens de branco
luvas e máscaras

à procura da veia
que salta
agulha

olhos que piscam
uma
tempo
duas
tempo
três vezes

tempo

a lágrima
morosa

a boca
tanto ar
vida?

tontura
maca

mais uma vez

...

ouvia a sirene de ambulâncias
viaturas
lá dentro







Nenhum comentário: