É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fim de tarde. 12°.

Comprou a roupa mais cara.
Perfume no pescoço e gravata.
Ele, que nunca tinha usado uma gravata.

Banco de praça
Fim de tarde.
12 °.

Imóvel, contrastava com o balanço das árvores.
Só quem olhasse por trás de seus óculos escuros conseguiria enxergar um golpe de vida.
Músculos tensos naquele corpo já decidido.

Encontro inevitável.

Pensou nas pessoas que amava
no quanto era amado
nas brincadeiras de crianças
nas descobertas...

nada o convencia.

por 1hora e 38 minutos...

eis que a estátua se desfez.
andar digno que a vida inteira não tivera

verde para os carros
atravessou a estreita avenida ao som das buzinas

com o sapato novo tocou a areia.
notou que estava pesado
irrelutável à novas possibilidades

no frio da alma
na desistência de ser
na certeza de ir

caminhou pela terra deserta
fria
sem castelos
inexistentes possibilidades de construção

ouviu como nunca o barulho da água
agitada que estava

solene

tocou a água

gelada
pés pesados afundando na areia

água até a cintura


choque térmico
respiração curta

ora ou outra sem respiração

surpreendente entrega
ele que nunca se entregara pra nada

ombros caídos
braços imóveis

a água cobrindo seu corpo
peito
pescoço
boca
nariz
testa

abriu a porta escura.



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