É nóis, maluco

Olha, eu não sei como você caiu aqui. Mas já que tá, não custa um comentário p'ra deixa pegada forte na opinião do baguio. Suave!

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Perguntar não ofende (Novo quadro do Blog do Zé)


Então, a idéia é ter alguns "entrevistados" dando seu ponto de vista de assuntos variados...
Começo com o Marquinhos, nosso primeiro entrevistado no Perguntar não ofende

Zé- A primeira pergunta é a mais difícil. Por que escrever? E mais, por que escrever para teatro?
MCD- Eu não sei o que é não escrever. Grafo o que penso desde que conheci a escrita. Um pouco antes até e, depois, quando veio o primeiro amor da adolescência. Minha primeira namorada, os amigos, um caderno que nunca mais achei e que grafei quando tinha quatorze anos. No início nem era para teatro. Nasceu romance, virou poesia e agora é teatro. O romance hoje eu gosto quando leio um bom livro. A poesia já foi exposição em praça pública num varal onde havia diagramas e pensamentos, significado e signo, uma instalação ao ar livre. Tem também os rabiscos, os cartões de aniversário, rascunhos e calhamaços de projetos esboçados.
O teatro acontece por amor. Fui ator, cenógrafo, sonoplasta, iluminador, carregador de cenário, contra-regra, conselheiro, então é que o teatro foi experimentado e sentido com grande intensidade. Escrever para teatro é coisa desse amor, dessa relação com o fazer, com o seu cotidiano. E como toda troca é uma forma de amar...
Zé- Em sua obra existe uma ligação muito forte com heróis e santos, de onde vem essa necessidade de falar sobre esses mitos?
MCD- A vida é feita de heróis e santos. O pensamento cristão é fruto da escrita grega que gesta mitos e lendas que se tornam objeto do fazer teatral: Medeia, Édipo, Prometeu. Os gregos inventaram o teatro e a mitologia. Então é do dramaturgo narrar a trajetória mítica de um ser humano que também é filho de um grande deus. Os mitos regram, sintetizam e resultam dos medos e da fé humana. A trajetória do herói é busca única e constante. O paraíso é a grande metáfora.

Zé- O que mais te encanta no teatro?
MCD- Exercitar a metáfora.

Zé- Como é o teu processo de escrita?
MCD- Já foi pior. Sinto, e isso é muito pessoal, que melhora a cada ano. O que não significa que tudo que se escreve resulte em obra. Muito é por necessidade. Outro tanto por vaidade e um tanto por acreditar que a manifestação artística é de fato um atributo da humanidade.

Zé- Qual a tua relação com o texto escrito e a peça encenada? Essa transformação dá medo?
MCD- É sempre uma nova leitura. Um jeito de olhar. O que parece que ocorre é que tecnicamente eu produzo um texto que permite múltiplas leituras e, portanto uma infinidade de interpretações. Eu não escrevo peças. Escrevo diálogos. Minha obra é a palavra escrita como parte de um todo onde outros tantos agentes como a iluminação, a direção de ator, cenografia, figurino, atuação e outros mais participam. O teatro é múltiplo sendo único nisso. Então hoje busco uma relação de harmonia com o fazer teatral.

Zé- O teatro de hoje sobrevive sem o autor de teatro?
MCD- O teatro é produto da humanidade. É parte de seu código genético. A dramaturgia surge do fazer. Fazer teatro é viver a humanidade. E se não tiver um autor, não importa, haverá um mito, uma história a ser contada.

Zé- Qual é o papel do teatro na sociedade contemporânea?
MCD- Contar histórias...

Zé- Filme preferido.

MCD- O Ruy é um cara que eu ainda vou ver no cinema. O roteiro do Ruy é bacana. Vou ver.

Zé- Disco preferido.

MCD- Essa é a mais difícil. Não sei. Tantos e acho mesmo que o Álbum Branco dos Beatles. Demorei...

Zé- Um sonho.

MCD- No virus found in this incoming message.

Zé- Obrigado.

2 comentários:

Amanda Mantovani disse...

O Marquinho é um cara de se saborear...

Muito obrigada,Zé.

Anônimo disse...

Ah! Que lindo (o grito foi pro Marquinhos, viu. Não é pra se achar)...
Louvável iniciativa.

E pra espetar: MUITO melhor do que o "entrevistão" faria (se é que te significa algo) hahaha

beijo