
ESTOCOLMO – Uma sinopse.
Ele constrói um cativeiro.
Ele planeja colocar alguém naquele quadrado.
Ele e Ela se encontram.
Simpatiza com a vítima.
Ele leva Ela para casa dele.
A mantém cativa durante oito cenas, que são compostas de cenas curtas. Oito episódios sendo que os quatro primeiros: Chegada no cativeiro, Aulas, Presentes, Animal de estimação, se referem a fase infanto-juvenil. Os quatro últimos: Fotos, Roupa íntima, A escolhida, Fuga (ou não), representam uma adolescência possível.
Maria Rita Kehl, 53, é psicanalista e ensaísta. Escreveu, entre outros livros, ‘Ressentimento’. Ela diz no livro ‘O Olhar’ que “o seduzido não sabe onde pisa – e pensa que o sedutor sabe. Antecipa prazer e dor, pois, ao mesmo tempo que espera o gozo prometido pelo sedutor, já sabe que se aproxima uma catástrofe. O seduzido é alguém que perde o rumo e tem que se guiar, nas brumas de uma infância revisitada, pela bússola do olhar sedutor”.
Diz ainda que ‘o olhar seduzido é perplexo.’ E que ‘Todo saber se funda na necessidade de ser amado e no medo de ser dominado pelos outros.’ ‘Nossa vida psíquica, o que é muito mais grave, depende do inconsciente de pessoas que cuidam de nós: como podemos nos defender contra esse tipo de perigo?’
Ainda - ‘Totalitarismo e narcisismo: associação existente não só no inconsciente do dominador, mas também no do que se deixa dominar.’
E por fim: ‘No terreno simbólico estamos permanentemente inseguros (tanto que o narcisismo, sempre que pode, nos conduz de volta ao plano do imaginário) e, ao mesmo tempo, a salvo. Inseguros porque o que parece estabelecido se desfaz continuamente, devemos continuamente re-entender a desordem dos mundos. Re-interpretar, reorganizar, para perder as certezas outra vez mais adiante. Mas salvos da opressão do(s) código(s) totalitário(s).’
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